segunda-feira, 31 de maio de 2010

sonho.




“- Amanda! Tem um sonho aqui que parece estar maravilhoso! Vem provar!” foram as palavras proferidas por meu pai quando cheguei ontem em casa. Imediatamente imaginei um sonho bem grande, recheado de doce de leite e coberto de grãos de açúcar. Do jeito que eu desejava e não experimentava há tempo! E que me faria não me contentar com apenas um.
Quando fui conferir tamanha foi a minha decepção! Era um mini-sonho, enganando-me com uma pinceladinha de creme que mal alcançava toda a massa. Até comi e não estava tão ruim quanto imaginava, mas fiquei frustrada por não alcançar o objeto de meu desejo tal qual estava em meus pensamentos. Era apenas um sonho...
E isso me fez viajar para bem longe sem que fosse preciso sair do lugar. Eu consigo fazer isso bem! Posso voltar a lugares anteriormente visitados, sentir novamente a brisa nos cabelos, a maresia a refrescar o coração, o cheiro de terra molhada a escorregar em meus pés, o brilho no olhar de quem marca as lembranças e o ressoar das palavras que aquietam a alma. Como é bom abaixar as pálpebras e sinestesiar.
E nessas viagens de ida sem volta vejo-me perdida em um mar de sonhos, tão grandes sonhos que mal cabem em meu pequeno barquinho. Tantas são as águas que banham esses meus sonhos, quantas são as ondas que me impelem a balançar. O vento forte bate no rosto é ele quem direciona para onde vou. Assim como não sei o seu caminho, também não sei aonde vou chegar. Mas é boa essa sensação! Não tenho o controle em minhas mãos, deixo apenas que ele me guie. Ainda que pareça demorar para encontrar repouso, tudo é uma questão de redimensionar pensamentos. Afinal de contas, há maior descanso do que, no percurso desse levar, contemplar a infinitude do azul? Azul do céu, azul do mar, minha esperança a se renovar. O alvorecer da manhã faz aquecer o meu coração. Brilho intenso que ofusca o meu olhar.
Percebo que esse mesmo coração, morada de sonhos, cheio de emoções e livre pra imaginar, criar cenários e neles teatralizar personagens de forma tão lúdica carrega uma incompletude em si. Tão romântico quanto o meu desejo pelo grande recheio de doce de leite, dessa forma ele vive a se frustrar. A esperar e não encontrar. A nem sair do lugar. É então que compreendo que o coração só pode ser feliz quando quieto estiver e, tranquilo, for morada de Deus, para sempre*. Aprendo a contar os meus dias, mesmo em alto mar, sem esquecer de cada momento marcado na agenda do sonho que Ele realiza em mim. O sonho de viver diária, plena e eternamente a beleza da Sua vida em mim.

[*inspirado na letra de uma música do querido Ildebrando Viana]

domingo, 23 de maio de 2010

primeiro passo.

 
O início de tudo, sempre o mais difícil
Não se tem firmeza ainda
Cada passo, uma troca dos pés
Um ensaio de onde se quer chegar
O mais gostoso de tudo é experimentar
É girar
A saia rodar
Deixar a música levar

E nessas an.danças
Caminho pela vida na ponta dos pés
Quero chegar mais alto
Salto contra a gravidade
Sigo na contramão

Te convido para adentrar o meu espaço
Cercado de (falta de) tempo
Mas cheio de cores, de vida, de amor
De sombras e imagens
De sonhos, de realidades
De viagens e paragens
Des.construções

Fique à vontade
Puxe uma cadeira
Aprecie comigo
A singularidade do movimento
A pluralidade do ser
Ouça a canção que soa pelo ar
Sinta o vento que me conduz